Angústia: O Sintoma como Sinal de Transformação
- Maria Luísa

- 18 de jun.
- 2 min de leitura
A angústia é uma das experiências mais comuns da vida psíquica e, ainda assim, uma das mais evitadas. Quando ela aparece, nosso impulso é querer eliminar ou controlar. Procuramos diagnósticos rápidos, alívios imediatos ou distrações que nos façam esquecer.
Mas o que a angústia está tentando dizer?
Do ponto de vista simbólico, a angústia é sinal de que há um conflito psíquico em movimento. Algo em nós precisa mudar, mas essa mudança ainda não encontrou forma. A angústia marca justamente esse intervalo: entre aquilo que já não serve e o que ainda não nasceu. É o desconforto de uma alma que se aperta dentro de estruturas antigas, pedindo por mudança.
Sintomas físicos, emocionais ou comportamentais muitas vezes aparecem como porta-vozes dessa angústia. São encarados como um problema em si, mas na verdade são um pedido de escuta. Um corpo que adoece, uma ansiedade persistente, uma irritação sem motivo aparente ou um cansaço sem fim podem ser expressões legítimas de uma psique que precisa ser escutada. São formas indiretas de dizer: há algo aqui que precisa ser compreendido.
Na psicoterapia, o sintoma deixa de ser apenas algo a ser combatido e passa a ser um mapa. Um fio que, se seguimos com atenção e cuidado, pode nos levar à raiz do conflito. E, ao entrar em contato com esse núcleo, muitas vezes doloroso, mas sempre vivo, abrimos espaço para transformações profundas.
Aceitar a angústia como parte do processo de amadurecimento interno é fundamental. Isso não significa romantizar a dor, mas reconhecer que ela, quando escutada com atenção, pode se transformar em direção. Em vez de apenas sinalizar um impasse, a angústia pode se tornar o ponto de partida para um movimento real de mudança.



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